domingo, 4 de setembro de 2011

ANÁLISE COMPARATIVA DE PROJETOS

CONJUNTO HABITACIONAL BOITUVA, 23 SUL ARQUITETURA (Boituva – São Paulo)


Perspectiva - Implantação


O conjunto de habitação social em Boituva foi projetado pelo grupo de arquitetos André Sant’anna da Silva, GaúManzi, Ivo Magaldi Rodrigues da Cruz, Lucas Girard, Luís Pompeo Martins, Luiz Florence, Moreno Zaidan Garcia, Rafael Urano Frajndlich, Tiago Oakley do escritório 23°SUL Arquitetura, requerido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de São Paulo, que necessitava de 160 unidades.
 A implantação deste se dá no perímetro de um terreno com grande declividade e marcado pela presença de um córrego. As edificações se adaptam a essa declividade, estando estas semienterradas, com os pavimentos térreos no nível abaixo da rua, onde, perimetralmente, formam os espaços públicos comuns.

Perspectiva Geral

 Seguem o gabarito de cinco pavimentos, sendo quatro apartamentos por andar que se diferenciam em duas tipologias – unidades de dois e três dormitórios – que são acessados por uma passarela nivelada ao primeiro pavimento. Já a circulação vertical se resolve por um único eixo de escadas, localizado na parte central do edifício e se configura por ser aberto. Adjacente a esse núcleo de escadas há um vão vertical que percorre todo o edifício que, além de permitir a iluminação zenital das áreas de circulação, possibilita também a circulação de ar nos banheiros dos apartamentos que possuem suas aberturas voltadas para esse vão.
A planta tipo dos apartamentos possui uma evidente setorização tripartida. Há uma integração maior dos espaços internos especialmente na área da varanda, a qual possui acesso tanto pela cozinha como pela sala, gerando uma fluidez espacial no interior do apartamento. Neste ocorre uma ventilação cruzada, que atravessa os espaços internos até alcançar a varanda, onde também se localiza a área de serviço. 



Essa preocupação com o conforto ambiental também é evidenciado pelo uso de aberturas mais amplas, pela presença de cobogós, que camuflam a área de serviço, e pelo vão central que corta o edifício transversalmente proporcionando uma melhor iluminação e ventilação natural.

 Planta apartamentos


TIPOLOGIA DOS APARTAMENTOS


Tipo 1 – 2 dormitorios (44,70 m²)

Planta tipo 1

Tipo 2 – 3 dormitórios (53,80 m²)

Planta tipo 2

O arranjo espacial do edifício se orienta a partir de um eixo no qual se concentram as áreas hidráulicas, demonstrando assim a preocupação em racionalizar o espaço, deixando as áreas de estar e jantar mais flexíveis e integradas. 



Nota-se um cuidado em garantir a acessibilidade com o uso da passarela nivelada e corredores mais amplos suprindo a necessidade de futuros usuários da habitação.
O edifício constitui um aspecto técnico construtivo convencional, a partir do uso de concreto armado, pintado na cor branca e vedação em alvenaria. Já o vão interno que corta o bloco foi destacado pela pintura das paredes em amarelo. A volumetria evidencia a relação entre a planta e a geometria da unidade habitacional, já que o resultado volumétrico é uma conseqüência da disposição das plantas, demonstrando simplicidade, mas também qualidade.


Vista - exterior edifício

Vista Geral










TETRIS APARTMENTS, OFIS ARHITEKTI (Ljubljana – Slovenia)

Tetris Apartments e um edifício de apartamentos em Ljubljana, capital da Eslovênia, com projeto arquitetônico de autoria do escritório OFIS Arquitetos e destinado à habitação social. 


A implantação do edifício foi resolvida de maneira linear, em um terreno alongado, onde a edificação está localizada na porção central, de modo a liberar os espaços do entorno tanto para áreas verdes como circulação e estar. Não há delimitação física do edifício, liberando a área do entorno para o espaço publico, além de proporcionar permeabilidade.  O edifício está direcionado no eixo norte-sul, com o norte voltado para uma avenida movimentada, a qual influenciou num deslocamento de trinta graus (30°) das varandas, criando uma espécie de janelas-asas que se orientam para a parte sul, distanciando-se do ruído.

As regras urbanísticas da área em questão estabeleceram um gabarito máximo de quatro pavimentos e permitiram uma área construída de 5000 m² (58 m x 15 m), com dois pavimentos subterrâneos destinados a estacionamento. No total, o edifício possui 62 apartamentos. O projeto constitui-se de três tipologias, sendo apartamentos para uma, duas e três pessoas. As aberturas estão orientadas no sentido Leste-Oeste e a incidência direta da luz solar é amenizada pela rotação das sacadas. 




        Os espaços de serviço e de circulação são reduzidos ao mínimo e a luz do dia é fornecida no eixo longitudinal, através de iluminação zenital. A base mensal dos custos energéticos é muito baixa, beneficiando os moradores, uma vez que os apartamentos são do tipo social.



A forma do edifício é linear, com dezoito apartamentos por andar (exceto o térreo com dezesseis unidades e duas salas comerciais) parcialmente conectados, com circulação horizontal central longitudinal. O edifício é um bloco unitário, porém interrompido transversalmente, impossibilitando assim o acesso interno direto entre os dois lados. Da mesma maneira os acessos principais também são separados. Já a circulação vertical é resolvida com um núcleo de uma escada e um elevador em cada um dos lados da edificação.











TIPOLOGIA DOS APARTAMENTOS

Tipo 1 – Studio: 1 cômodo + banheiro (30 m²)



Tipo 2 – 2 cômodos + banheiro (50 m²)


Tipo 3 – 3 cômodos + banheiro (70 m²)









Em termos gerais todas as tipologias apresentam uma racionalização dos espaços, com áreas internas mínimas, que conseguem, no entanto, atender as necessidades de uma habitação social. Apesar de ainda demonstrarem uma tendência à tripartição, os apartamentos apresentam certa flexibilidade dos espaços. Outra característica é ausência de abertura nas áreas molhadas dos apartamentos, uma vez que estas são voltadas para o corredor interno de circulação. Com exceção dos apartamentos de três cômodos que se localizam nas extremidades da edificação, todos os outros apresentam aberturas apenas na face da varanda. 



O edifício é composto por materiais econômicos, mas de qualidade, como pisos em madeira de carvalho, banheiros em granito, janelas com venezianas de metal. O conceito estrutural foi pensado de maneira que as plantas tipo são flexíveis, já que as paredes estruturais são apenas aquelas que separam os apartamentos e as áreas de circulação; todas as outras paredes internas são não estruturais. 



A fachada foi desenvolvida de maneira simples, sendo esta o resultado do traçado da organização interna das plantas tipo. O revestimento externo das varandas é feito com painel pré-moldado de madeira, distribuídos em três cores, traçando o ziguezague vertical, as paredes externas do edifício são reboco pintado. Os guarda-corpos das varandas são também painéis pré-moldados, ora perfurados, ora grades de metal. Tais elementos são o que dão tratamento plástico dos volumes e da superfície externa ao edifício. Nota-se uma sobreposição de geometrias, resultando em espaços cheios e vazios que se alternam de um pavimento em relação ao outro, transferindo equilíbrio à fachada. Após as elevações terem sido projetadas, muitas pessoas associaram o desenho destas ao jogo ‘tetris’, tendo sido este o nome incorporado para o edifício. 
























Referências












Um comentário: