quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PLANEJAMENTO DO PROJETO

  • Condicionantes FÍSICAS

. Localização do terreno

O terreno escolhido está inserido no bairro Saraiva, numa área de fácil acesso a outros bairros e pontos importantes da cidade como o Centro, o Center Shopping e a Universidade Federal de Uberlândia.


Fonte: http://www.uberlandia.mg.gov.br/


Terreno compreendido entre as Ruas Alexandre Ribeiro Guimarães e Doutor Armando Lombardi.

Fonte: google http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl


O acesso ao local é facilitado pela presença de vias importantes do bairro, além de o terreno ser muito próximo das principais vias arteriais da cidade as avenidas Rondon Pacheco e João Naves de Ávila. Há também linhas de ônibus coletivo que circulam pelo bairro e a alguns metros do terreno a ser trabalhado verifica-se um ponto de ônibus.



Fonte: pesquisa de campo pessoal



Apesar de fazer parte da ZR2, percebe-se que o bairro é fortemente configurado pela função residencial, sendo verificados alguns pontos de serviço e comércio espalhados, sendo concentrados de maneira mais intensa nas vias principais como a Rua Vitalino Rezende do Carmo e a Avenida João XXIII. Em questão de serviços, encontram-se escolas particulares de inglês, farmácias, padarias, restaurante/lanchonetes, salões de beleza, serviços especializados e escolas tanto privadas como a Escola Estadual Joaquim Saraiva. Já o comércio restringe-se basicamente à lojas de roupas. 

. Insolação + ventilação + gabarito

Fonte: pesquisa de campo pessoal


Conforme explicitado no mapa, há no bairro a presença marcante de edifícios residenciais que variam de três a mais de dez pavimentos. Os ventos predominantes na cidade de Uberlândia são NE, no entanto, como existem muitos edifícios verticais é possível perceber que a variação desses ventos é influenciada por essa verticalização, podendo criar corredores de ventos, barreiras, e desvios.

. Levantamento topográfico 

A quadra onde se localiza o terreno possui um desnível muito grande, sendo que o terreno está na parte mais elevada, com caimento no sentido da Avenida Rondon Pacheco. O terreno em si possui declividade total de 3 metros.

Topografia do terreno


. Imagens do terreno e entorno


 Vista a partir da Rua Doutor Armando Lombardi

 Vista do terreno para a Rua Alexandre Ribeiro Guimarães

Vista a partir da Rua Alexandre Ribeiro Guimarães

Vista a partir da Rua Doutor Armando Lombardi 

Vista da esquina - terreno

Detalhe: árvore presente no terreno
  •   Condicionantes SÓCIO-CULTURAIS

. Perfis: social – econômico – cultural (aspectos gerais)
*Importante considerar que houveram algumas variações nos dados apresentados a seguir, uma vez que são do ano de 2000. Fonte: http://www.uberlandia.mg.gov.br/






. Público alvo
A partir da análise dos perfis gerais (social – econômico – cultural) do bairro / zona na qual o terreno escolhido se encontra, conclui-se que a área determina um padrão social de classe média-alta, induzindo assim um programa de projeto que acompanhe essa tendência, considerando, além disso, a significante presença dos estudantes universitários no contexto da área analisada. Bairro residencial familiar. Predominância da população jovem (15 a 24 anos) e de média idade (40 a 49 anos).

. Abrangência
O projeto visa uma abrangência mais local, buscando atender às necessidades do entorno e do bairro onde se localiza o terreno, podendo eventual e posteriormente atrair populações de outros bairros próximos.

. Programa de necessidades

Como previsto para a ZR2, o bairro Saraiva permite o estabelecimento de comércio e serviços de pequeno porte. Em termos de necessidades gerais do bairro, pode-se destacar que não há no bairro muitas praças públicas ou áreas de lazer, portanto surge a ideia de propor uma praça com espaço de convívio dos moradores e aberta ao acesso público. Outra proposta de complementação do programa do edifício seria um estabelecimento de serviço, como um restaurante ou uma cafeteria, visto que há no bairro público para tais serviços.

. Restrições municipais


Zona Residencial 2 (ZR2)
Setor de Vias Especiais (SE)
Taxa de ocupação (T.O)
Hab. Vert. > 4 pav. = 40%
60%
Coeficiente de aproveitamento máximo (C.A)
2,75
3
Afastamento frontal mínimo
3 m
3 m
Afastamento lateral / fundo mínimos
1,5 m
1,5 m
Testada mínima
10 m
10 m



- Pavimentos abaixo do nível do logradouro > T.O = 80%
- Absorção de águas pluviais (mínimo) = 20%
- Varandas (abertas) poderão projetar-se sobre os afastamentos em até 1,8m
- Afastamento entre blocos (mínimo 3m) > Ab = H/5 + 1,20
- Afastamento frontal para edificações com mais de 2 pavimentos (Afr)
Afr = H/10 + 2,10
- Área máxima privativa permitida > Am = Aterreno x C.A
- Estacionamento > dimensões mínimas de cada vaga (hab. vert.)= 2,4m x 4,5m – no entanto 10% das vagas deverá ser de dimensões 2,4m x 5,0m
                (estacionamento descoberto c/ mais de 20 vagas > arborização 1 árvore a cada 4 vaga)
- Usos permitidos na zona escolhida (ZR2 / SE) > comércio varejista local, comércio varejista diversificado, comércio especial / atacadista de pequeno porte, serviço local, serviço diversificado, equipamento social e comunitário local e indústria de pequeno porte.

. Acessibilidade – consulta e adequação à norma NBR9050

. Saídas de emergência / escadas – consulta e adequação às restrições dos bombeiros
  •  Condicionantes ECONÔMICAS e MATERIAIS


. Metragens aproximadas
. Partido a ser adotado

- Unidades modulares: a fim de proporcionar maior flexibilidade aos apartamentos (e ao projeto como um todo), variar as possibilidades tipológicas, articulações espaciais, etc, propõe-se que as unidades habitacionais sejam pensadas a partir de módulos, sendo que as tipologias pensadas teriam variações de área interna a partir de uma unidade modular básica, de área mínima. Dessa maneira, as tipologias de apartamentos se dão da seguinte forma:
1) Studio
2) Apartamento de 2 quartos / 2 ‘módulos’
3) Apartamentos de 3 quartos / 3 ‘módulos’

- A unidade modular básica teria 40 m² (área mínima), portanto:
STUDIO = 1 módulo 40m²
2 QUARTOS = 2 módulos 80m²
3 QUARTOS = 3 módulos 120m²

- Proposta de evidenciar as diferentes tipologias, 2 blocos de edifício: I > destinado aos apartamentos maiores, de 3 módulos; II > destinado às outras duas tipologias. O primeiro bloco teria um número maior de pavimentos em relação ao segundo, podendo ainda neste último ser marcado de alguma maneira a diferenciação dos 2 tipos de apartamentos.

- Varandas: alternância e dinamismo, conferindo movimentação a fachada.

- Áreas abertas para o espaço público com proposta de serviço no térreo ou subsolo.


- Valorização das visadas da cidade, uma vez que a topografia, a localização urbana permite e a verticalização privilegiam esse aspecto.

- Equipamentos: áreas verdes, espaços de lazer 

. Sistemas construtivos e Materialidades
- Sistema estrutural metálico: sistema que confere maior facilidade e agilidade durante a construção; permite espaços maiores e mais livres, permite também a associação com outros materiais flexíveis e pré-fabricados. Importante ressaltar também a diminuição considerável dos resíduos (lixo pós construção), evitando desperdícios excessivos (aspecto muito relevante considerando a temática da sustentabilidade na arquitetura).


- Estrutura independente das vedações e fechamentos internos: objetivando assim uma maior flexibilidade das tipologias e do edifício. Vedações e fechamentos > materiais pré-fabricados de estrutura leve (exemplo: OSB, dry wall, etc.).

- No caso de estacionamentos abertos, possibilidade do uso de material semipermeável para o piso.
  • Condicionantes CONCEITUAIS


. Referências conceituais e projetuais
- Mercado imobiliário x qualidade do ‘morar’
LOUREIRO, C.; AMORIM, L. Dize-me teu nome, tua altura e onde moras e te direi quem és: estratégias de marketing e a criação da casa ideal – parte 1 e 2. ARQUITEXTOS: Periódico Mensal de Textos de Arquitetura, Campinas, nº 281, fevereiro de 2005.

- Arquitetura como agente e testemunha de um mundo de dinâmicas sempre novas
RUBANO, L. M., Arquitetura Contemporânea: MVRDV e a experiência holandesa. III FÓRUM DE PESQUISA FAU.MACKENZIE I 2007.

- Definição de parâmetros projetuais com foco nas habitações coletivas
BARROS, R. R. M. P. Habitação coletiva: a inclusão de conceitos humanizadores no processo de projeto. 2008. São Paulo: Annablume, 2011. pg. 75-83

- Processo de transformação das moradias conjuntas e um panorama das realidades atuais
VILLA, S. B. Mercado Imobiliário e Edifícios de Apartamentos: produção do espaço habitável no século XX.  PORTAL VITRUVIUS, ARQUITEXTOS 078 e 390, Romano Guerra Editora Ltda, São Paulo, Novembro de 2006.

- Arquitetura, sustentabilidade, futuro – discussões atuais
GONÇALVES, J. C. S.; DUARTE, D. H. S. Arquitetura sustentável: uma integração entre ambiente, projeto e tecnologia em experiências de pesquisa, prática e ensino. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 6, n. 4, p. 51-81 out./dez. 2006. ISSN 1415-8876, 2006, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.

- Edifícios de apartamentos Rino Levi (Columbus; Nicolau Shiesser; Higienópolis; Prudência; outros).

- Edifício rua Avanhandava (Oswaldo Bratke) [Foto: Abilio Guerra]
Destaque: sistema interessante de fechamento das venezianas











- Edifício Nemausus (Jean Nouvel) [Foto: http://www.peripheries.net/article270.html]
Destaque: corredores de circulação comum dos pavimentos – apropriação coletiva








- Residencial Wohnen-am-Lohbach (Innsbruck, Áustria)  [Foto: http://lowimpacthousing.com/housing/action.lasso?-Response=search05.lasso&ID=1459]
Destaque: brises / fechamento externo / eficiência energética












- Seewurfel Zurich (Áustria)  [Foto: Ferit Kuyas]
Destaque: revestimento fachada









- Tetris Apartments (Ofis Arquitetos) [Foto: www.ofis http://www.ofis-a.si/default.cfm]
Destaque: movimentação da fachada / aberto para espaço público / revestimento










- Edifício Boituva (23°SUL Arquitetura) [Imagem: blog.23s.com.br]
Destaque: cobogós / vazios na fachada










- Edifício Mirador (MVRDV) [Foto: http://we-make-money-not-art.com/archives/2008/08/the-milan-triennale-is-the.php]


Destaque: dinamismo da fachada / evidenciação dos usos através de cores

















domingo, 4 de setembro de 2011

ANÁLISE COMPARATIVA DE PROJETOS

CONJUNTO HABITACIONAL BOITUVA, 23 SUL ARQUITETURA (Boituva – São Paulo)


Perspectiva - Implantação


O conjunto de habitação social em Boituva foi projetado pelo grupo de arquitetos André Sant’anna da Silva, GaúManzi, Ivo Magaldi Rodrigues da Cruz, Lucas Girard, Luís Pompeo Martins, Luiz Florence, Moreno Zaidan Garcia, Rafael Urano Frajndlich, Tiago Oakley do escritório 23°SUL Arquitetura, requerido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de São Paulo, que necessitava de 160 unidades.
 A implantação deste se dá no perímetro de um terreno com grande declividade e marcado pela presença de um córrego. As edificações se adaptam a essa declividade, estando estas semienterradas, com os pavimentos térreos no nível abaixo da rua, onde, perimetralmente, formam os espaços públicos comuns.

Perspectiva Geral

 Seguem o gabarito de cinco pavimentos, sendo quatro apartamentos por andar que se diferenciam em duas tipologias – unidades de dois e três dormitórios – que são acessados por uma passarela nivelada ao primeiro pavimento. Já a circulação vertical se resolve por um único eixo de escadas, localizado na parte central do edifício e se configura por ser aberto. Adjacente a esse núcleo de escadas há um vão vertical que percorre todo o edifício que, além de permitir a iluminação zenital das áreas de circulação, possibilita também a circulação de ar nos banheiros dos apartamentos que possuem suas aberturas voltadas para esse vão.
A planta tipo dos apartamentos possui uma evidente setorização tripartida. Há uma integração maior dos espaços internos especialmente na área da varanda, a qual possui acesso tanto pela cozinha como pela sala, gerando uma fluidez espacial no interior do apartamento. Neste ocorre uma ventilação cruzada, que atravessa os espaços internos até alcançar a varanda, onde também se localiza a área de serviço. 



Essa preocupação com o conforto ambiental também é evidenciado pelo uso de aberturas mais amplas, pela presença de cobogós, que camuflam a área de serviço, e pelo vão central que corta o edifício transversalmente proporcionando uma melhor iluminação e ventilação natural.

 Planta apartamentos


TIPOLOGIA DOS APARTAMENTOS


Tipo 1 – 2 dormitorios (44,70 m²)

Planta tipo 1

Tipo 2 – 3 dormitórios (53,80 m²)

Planta tipo 2

O arranjo espacial do edifício se orienta a partir de um eixo no qual se concentram as áreas hidráulicas, demonstrando assim a preocupação em racionalizar o espaço, deixando as áreas de estar e jantar mais flexíveis e integradas. 



Nota-se um cuidado em garantir a acessibilidade com o uso da passarela nivelada e corredores mais amplos suprindo a necessidade de futuros usuários da habitação.
O edifício constitui um aspecto técnico construtivo convencional, a partir do uso de concreto armado, pintado na cor branca e vedação em alvenaria. Já o vão interno que corta o bloco foi destacado pela pintura das paredes em amarelo. A volumetria evidencia a relação entre a planta e a geometria da unidade habitacional, já que o resultado volumétrico é uma conseqüência da disposição das plantas, demonstrando simplicidade, mas também qualidade.


Vista - exterior edifício

Vista Geral










TETRIS APARTMENTS, OFIS ARHITEKTI (Ljubljana – Slovenia)

Tetris Apartments e um edifício de apartamentos em Ljubljana, capital da Eslovênia, com projeto arquitetônico de autoria do escritório OFIS Arquitetos e destinado à habitação social. 


A implantação do edifício foi resolvida de maneira linear, em um terreno alongado, onde a edificação está localizada na porção central, de modo a liberar os espaços do entorno tanto para áreas verdes como circulação e estar. Não há delimitação física do edifício, liberando a área do entorno para o espaço publico, além de proporcionar permeabilidade.  O edifício está direcionado no eixo norte-sul, com o norte voltado para uma avenida movimentada, a qual influenciou num deslocamento de trinta graus (30°) das varandas, criando uma espécie de janelas-asas que se orientam para a parte sul, distanciando-se do ruído.

As regras urbanísticas da área em questão estabeleceram um gabarito máximo de quatro pavimentos e permitiram uma área construída de 5000 m² (58 m x 15 m), com dois pavimentos subterrâneos destinados a estacionamento. No total, o edifício possui 62 apartamentos. O projeto constitui-se de três tipologias, sendo apartamentos para uma, duas e três pessoas. As aberturas estão orientadas no sentido Leste-Oeste e a incidência direta da luz solar é amenizada pela rotação das sacadas. 




        Os espaços de serviço e de circulação são reduzidos ao mínimo e a luz do dia é fornecida no eixo longitudinal, através de iluminação zenital. A base mensal dos custos energéticos é muito baixa, beneficiando os moradores, uma vez que os apartamentos são do tipo social.



A forma do edifício é linear, com dezoito apartamentos por andar (exceto o térreo com dezesseis unidades e duas salas comerciais) parcialmente conectados, com circulação horizontal central longitudinal. O edifício é um bloco unitário, porém interrompido transversalmente, impossibilitando assim o acesso interno direto entre os dois lados. Da mesma maneira os acessos principais também são separados. Já a circulação vertical é resolvida com um núcleo de uma escada e um elevador em cada um dos lados da edificação.











TIPOLOGIA DOS APARTAMENTOS

Tipo 1 – Studio: 1 cômodo + banheiro (30 m²)



Tipo 2 – 2 cômodos + banheiro (50 m²)


Tipo 3 – 3 cômodos + banheiro (70 m²)









Em termos gerais todas as tipologias apresentam uma racionalização dos espaços, com áreas internas mínimas, que conseguem, no entanto, atender as necessidades de uma habitação social. Apesar de ainda demonstrarem uma tendência à tripartição, os apartamentos apresentam certa flexibilidade dos espaços. Outra característica é ausência de abertura nas áreas molhadas dos apartamentos, uma vez que estas são voltadas para o corredor interno de circulação. Com exceção dos apartamentos de três cômodos que se localizam nas extremidades da edificação, todos os outros apresentam aberturas apenas na face da varanda. 



O edifício é composto por materiais econômicos, mas de qualidade, como pisos em madeira de carvalho, banheiros em granito, janelas com venezianas de metal. O conceito estrutural foi pensado de maneira que as plantas tipo são flexíveis, já que as paredes estruturais são apenas aquelas que separam os apartamentos e as áreas de circulação; todas as outras paredes internas são não estruturais. 



A fachada foi desenvolvida de maneira simples, sendo esta o resultado do traçado da organização interna das plantas tipo. O revestimento externo das varandas é feito com painel pré-moldado de madeira, distribuídos em três cores, traçando o ziguezague vertical, as paredes externas do edifício são reboco pintado. Os guarda-corpos das varandas são também painéis pré-moldados, ora perfurados, ora grades de metal. Tais elementos são o que dão tratamento plástico dos volumes e da superfície externa ao edifício. Nota-se uma sobreposição de geometrias, resultando em espaços cheios e vazios que se alternam de um pavimento em relação ao outro, transferindo equilíbrio à fachada. Após as elevações terem sido projetadas, muitas pessoas associaram o desenho destas ao jogo ‘tetris’, tendo sido este o nome incorporado para o edifício. 
























Referências